sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Quem tem seda..


No mundo inteiro, a crise da economia move ações consideradas inéditas para a última década. Período no qual se pecou pelo excesso, onde as empresas obtiveram lucros estratosféricos e agora alegam ter de reduzir salários e até demitir em massa para que se mantenham na ativa. Financiamentos mal planejados, gastos e mais gastos para se manter a chamada ‘nova ordem mundial’ que, no meu ver, nunca existiu. Na ‘terrinha’, se a moda agora é a preocupação com os juros abusivos dos bancos, outro parêntese está sendo levantado. Segundo fonte da Fundação Getúlio Vargas, uma das instituições de maior renome nacional, 30% dos grãos e 35% da produção de frutas são jogados fora diariamente pela população.

O cálculo vai ainda mais longe, analisando uma renda familiar considerável, de até 1.000 reais mensais, presume-se que completados 70 anos, o desperdiço seria em torno de 800 mil reais. Quer dizer, somos ricos e não sabemos?! (estou com 25 anos, pela média, ainda posso tirar uns 500 mil então?!)
Brincadeiras a parte, o que sobra pra alguns, sempre falta pra outros. No interior do Maranhão, enquanto não começam as aulas, o aperto cresce nas famílias de baixíssima renda. A fome é tanta, que influencia até na frequência escolar dos alunos. Onde há merenda escolar, há mais alunos e melhores notas.
Crescemos vendo tudo de uma forma tão simples, tão básica. Você nasce, estuda, cresce, faz vestibular, estagia, se forma, arranja emprego, trabalha de segunda à sexta e, no final de semana, vai para a praia, gasta tudo que sobrou, volta pra babilônia e recomeça tudo novamente. Políticas contra os abusos de poder econômico vêm sendo tomadas, mas ainda não punem como deveriam empresas e, principalmente, a sociedade como um todo por seus eventuais desperdícios. Quando vemos avisos em ‘buffets’, alertando que o ‘desperdício será cobrado’ não devemos interpretar isto como uma simples forma de se tirar vantagem de um cliente.

Na boa, pra quem achar que isso é uma rotina mais do que o normal, parabéns! Pra quem achar que pode fazer muito mais do que isso, é a hora de mostrar que não só pode como deve. O valor do consumismo sustentável é hoje visto pela sociedade mais privilegiada como pouca coisa. É sem dúvida a maior prova de conformismo da atualidade. Mas no país onde comprar seda é sinônimo de malandragem, o valor de um inconformismo pode vir a se tornar incalculável ou, pelos menos, um gesto inicial de esperança.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sonho de um dia de verão...



Ano novo, praia, festas, requinte, luxúria que se multiplica até mesmo nas famílias mais humildes. A champagne, brut ou doce, sempre indispensável. Uvinhas, abraços, beijos, rosas jogadas por fiéis de nossa senhora, as sete ondinhas, promessas, votos de um ano melhor e de muito mais retorno.

Tudo muito bom, mas a natureza lembrada pelas famosas corujinhas de final de ano, é dura e incontrolável lá por Santa Catarina. Muito sol, tempos e dias de tirar o fôlego por aqui, tanto pra quem acorda cedo para trabalhar, quanto pra quem estiver de férias, só curtindo.

Chega-se à praia, procurando o que eu chamaria de um gostoso ‘alívio babilônico’. Que nada! Quanto mais alto o som dos carros, mais nos perguntamos se é pior o trânsito da capital, ou a ‘magalisse’ dos competidores. Pior não é isso, o show da banda Nenhum de Nós quase não pode ser ouvido na beira da praia, pois competia com verdadeiras discotecas móveis, cada uma no seu estilo é claro. Polícia?! Não vi.

Maravilha! O ano novo passou, agora sim podemos ir à praia e curtir o mar! Nem tanto.. O mar gaúcho já não é dos mais belos e, com o excesso de algas, a sensação pra quem olha é de que está ainda mais sujo. Mas pra que se preocupar tanto não é?! Então, ajeitamos a bermuda e encaramos mesmo assim. Lamentável a tentativa, pois por detalhe, ao meu lado, uma criança não se engasga com uma tampinha ao tomar um ‘caldo’ de uma onda. Acho que o salva-vidas nunca deve ter tido tanto trabalho na vida, pois acreditar ser um afogamento e só se dar conta depois de que houve um engasgamento, deve ser um tanto desesperador. Cena forte e triste de ver.

O litoral gaúcho poderia estar mais preparado para receber os turistas e moradores que não puderam nem aproveitar com calma o litoral catarinense. Pois, quando se consegue chegar a Floripa, existe o risco de levar um dia ou mais no retorno, devido as fortes chuvas que vem ocorrendo, várias estradas se interditaram. O ‘Catarina’ procura a solução das suas feias no litoral gaúcho, tras toda a família, pra acontecer exatamente isto: ver um mar sujo, areias muito sujas, tocos de cigarros, canudinhos, tampinhas, pacotes de salgadinhos boiando no mar.. Enfim, o pouco caso da população.

Garis?! Não vi. Pode ser que um dia exista um disposto ao sacrifício de limpar as areias da praia. Banho de mar?! Só o de sol! E, mesmo assim, este vem sendo já perigoso também, mas bem mais seguro, pelo menos praquela criança. Dizem que o que os olhos não vêem o coração não sente, sorte do cego então, eu diria. A situação é verdadeiramente triste.

Mas saber viver de bem, unir os amigos, acreditar que o mundo pode ser melhor e mais sadio é admirável e seria muito mais, se a prática tomasse a frente das palavras bonitas. Quanto a mim, cego não serei, mas continuarei, com a minha sacolinha, infelizmente plástica, mas útil, na hora em que eu me sento na praia e vejo que posso mudar um pouquinho do que pra muitos, cada vez mais, vem se tornando algo tão natural.

Emmanuel D.
4º semestre jornalismo/IPA