
No mundo inteiro, a crise da economia move ações consideradas inéditas para a última década. Período no qual se pecou pelo excesso, onde as empresas obtiveram lucros estratosféricos e agora alegam ter de reduzir salários e até demitir em massa para que se mantenham na ativa. Financiamentos mal planejados, gastos e mais gastos para se manter a chamada ‘nova ordem mundial’ que, no meu ver, nunca existiu. Na ‘terrinha’, se a moda agora é a preocupação com os juros abusivos dos bancos, outro parêntese está sendo levantado. Segundo fonte da Fundação Getúlio Vargas, uma das instituições de maior renome nacional, 30% dos grãos e 35% da produção de frutas são jogados fora diariamente pela população.
O cálculo vai ainda mais longe, analisando uma renda familiar considerável, de até 1.000 reais mensais, presume-se que completados 70 anos, o desperdiço seria em torno de 800 mil reais. Quer dizer, somos ricos e não sabemos?! (estou com 25 anos, pela média, ainda posso tirar uns 500 mil então?!)
Brincadeiras a parte, o que sobra pra alguns, sempre falta pra outros. No interior do Maranhão, enquanto não começam as aulas, o aperto cresce nas famílias de baixíssima renda. A fome é tanta, que influencia até na frequência escolar dos alunos. Onde há merenda escolar, há mais alunos e melhores notas.
Crescemos vendo tudo de uma forma tão simples, tão básica. Você nasce, estuda, cresce, faz vestibular, estagia, se forma, arranja emprego, trabalha de segunda à sexta e, no final de semana, vai para a praia, gasta tudo que sobrou, volta pra babilônia e recomeça tudo novamente. Políticas contra os abusos de poder econômico vêm sendo tomadas, mas ainda não punem como deveriam empresas e, principalmente, a sociedade como um todo por seus eventuais desperdícios. Quando vemos avisos em ‘buffets’, alertando que o ‘desperdício será cobrado’ não devemos interpretar isto como uma simples forma de se tirar vantagem de um cliente.
Na boa, pra quem achar que isso é uma rotina mais do que o normal, parabéns! Pra quem achar que pode fazer muito mais do que isso, é a hora de mostrar que não só pode como deve. O valor do consumismo sustentável é hoje visto pela sociedade mais privilegiada como pouca coisa. É sem dúvida a maior prova de conformismo da atualidade. Mas no país onde comprar seda é sinônimo de malandragem, o valor de um inconformismo pode vir a se tornar incalculável ou, pelos menos, um gesto inicial de esperança.