sábado, 30 de maio de 2009

apenas 819 milhões 963 mil e 923 segundos...

...continuação
Engraçado, deixar de ser ‘nerd’ e me tornar um ‘cara legal’ foi mais fácil do que pensei. Bastou algumas tragadas na ‘mary jane’, 4 rodinhas de polyuretano sob um ‘shape’ de marca e a troca de óculos fundo de garrafa por lentes de contato. Novo cabelo, uns quilos a mais (academia) e pronto. Está feito o modelo perfeito estudante malandro de 2º grau. Nem minha família me reconheceu na minha volta do RJ. Como havia tido um fundamental forte, meu colegiado foi, praticamente, sem estudo algum. Pois tudo que já havia visto no CBC, era repetido, no estadual, só que, como em uma receita maluca de cozinha, misturando repetidas greves, drogas, malandragem, festas e muito do ‘não fazer nada porque é bom demais’. Amar era preciso, afinal era um novo rapaz. Agora eu podia tudo! Que nada, aos 14 tomei meu primeiro fora. O nome dela era Vânia, morava do outro lado da rua da onde me mudei e estávamos bem próximos até o momento em que eu disse “gosto de você, quer ficar comigo?’. Sabendo que a placa ‘no chances’ estava ligada, nunca mais apareci, ela se mudou tempos depois. Vida desgraçada, pois voltei para a mesma rua logo após, esperançoso, e só encontrei a Rebeca. Guria chata, que estudava no Rosário, metidinha e paty. Vivamos brigando um com o outro. Aliás, nunca xinguei tanto uma guria como a Rebeca e detalhe, a única que eu devia ter dado o devido valor, pois a gente só nota que alguém gostou muito de nós quando é tarde demais. A esquelética, limpadora de encanamento, Olívia Palito, palito de fósforo, barbie falsificada (acho que chega de apelidos, né?!). A tal da ‘Lady Murphy’ tinha se apresentado pra mim finalmente, só que a gente nunca quer lembrar quem ela é e fazemos questão de nunca lembrar onde ela mora também. Mas aprendi a amar da forma mais tímida e infantil, mas aprendi.
Tinha 15 anos nesta foto..

Numa das minhas peregrinações pelas ruas da capital, bebendo muito vinho enfiado em uma sacola pra não manchar a mochila, com muita gurizada seguindo aquela fila de skatistas pela calçada, conheci a Fernanda. Meus 15 anos mudaram após isso, pois nunca uma garota tinha me fez querer mudar. Sem drogas, sem álcool, uma beleza sem igual, fazia meus saltos serem mais altos, minha sede por álcool diminuir e minha fome por conquistas aumentar. Certo dia, na escadaria da praça 15 ouvi ela me dizer ‘vai lá Noel, que tu consegue!’. Noel era meu apelido de bairro e nunca nenhum dos meus amigos tinha me dito algo se quer próximo disso. Foi meu primeiro pulo de verdade e logo após vieram muitos pulos ousados. Já tinha celular e resolvi arriscar ligar para ela. A coisa foi acontecendo, o cinema foi marcado e estava lá minha primeira namorada. Mais velha, ela tinha sonhos e metas, já estava pretendendo faculdade de direito (seguir a carreira de seus pais) e me incentivava a viajar pelo mundo e, por incrível que pareça, com ela. Um ano e meio depois, a felicidade era plena, pois ir para a praia no final de semana, para a casa da família da princesa e ainda por cima dizer que ia para a madrinha, além de uma grande aventura, era uma grande conquista. Mas 1.6 não se tratava da potência do motor do carro em que viajávamos nos finais de semana. Significava o bico como promoter nas festas do Strike, o estágio na Caixa Federal e o segundo grau de noite. Certa vez, furei a famosa sexta-feira da viagem feliz, não podia viajar, pois era formatura de um amigo e desta vez perderia a carona para praia.

Maldita viagem! Pela manhã, pegaria o primeiro ônibus para Tramandai, mas recebi uma ligação que não estava no script. Era a avó da Fê pedindo para que eu descesse, pois iriam me buscar ali em casa. Esquisito, pois nunca havia acontecido e o mais intrigante de tudo é que não havia conseguido dormir aquela noite. Tinha tido pesadelos mesmo estando acordado e foi a primeira noite de verão em que senti frio de inverno. Ninguém jamais entenderá do porque acreditei tanto na felicidade quanto naquela época e tenho muito medo hoje de ser feliz como era. Ninguém sabe o quanto é difícil se conhecer de verdade nossa própria mãe já estando com 14 anos. A base de tratamento psicológico e convívio forçado com famílias que nunca foram suas e que representavam, em determinadas (muitas) vezes, muito mais do que a minha família original. A família a qual conheci aos 15 através da Fê me servia de espelho para o dia em que eu construísse a minha própria. Mas o espelho se quebrou. É isso mesmo que você está pensando. Acidentes podem acontecer e jamais estamos preparados para tal. Não é a toa que só quis tirar minha carteira de motorista após 10 anos deste fato e, sempre que me perguntavam do porque não tinha carro, eu respondia, com um tom irônico, que ‘carro mata muita gente’. (haja lenço pra escrever isso daqui...). Enfim, sem dúvida nenhuma que Deus escreve certo por linhas tortas, mas a novidade que surgiu logo após esse fato lamentável só conto daqui a 3 dias... novamente...

terça-feira, 26 de maio de 2009

227 mil 767 horas e 33 minutos..

Dezenove de maio de 1984. Completei 1 ano de vida.
Aos 3, já sabia falar palavras como: bola, guzzi (apelido do meu primo), tia, mãe, pinto, denaui.. hehehe
Aprender a andar de balanço, carrinho de rolimã, skate, caçar insetos e muitas outras maluquices foi a fase dos 4, não literalmente, é claro. Sempre com a presença incrível da minha prima Nádia, considerada por mim como uma irmã mais velha.
Com 5 anos aprendi a ler o título do Correio do Povo (ninguém me soprou,eu juro!) e acompanhava minha tia/mãe no INSS (pra ganhar aquele Mc lanche Feliz de volta a base de muita chantagem emocional) hehehe
Soma-se mais um ano e fui pra escolinha, adorava aquilo lá. Fiz amigos como Bernardo, Marcelo, Hugo, Arthur, Marianna e o Paulo (hoje já nem sei por onde andam.. exceto a Mari que me encontrou no orkut...)

Sete é o famoso numero de vidas dos gatos, segundo a crendice popular. Nesta idade aprendi o quanto dói um tapa feminino (quando se briga no colégio também se acaba conhecendo o famoso SOE - Serviço de Orientação Educacional, na qual a orientadora conta sem pudor algum, para nossas mães, que chamamos uma colega, a Alessandra, de vagabunda). Também aprendi algo muito importante em casa, pois não só o tapa dói, mas a chinela também. Acaso do destino, a mesma vagabunda foi meu primeiro grande amor de coleginho, mas ela namorava o Gustavo, fazer o que né?! (hahahaha..)

Aos oito, descobri que sabia desenhar muito bem, era bom em português e estudos sociais. Péssimo em educação física e, nos períodos livres, sempre era o reserva no jogo de caçador e goleiro no futsal. Até mais ou menos 11 anos, a minha vida seguiu em constante crescimento. Ampliava o meu circulo de amizades e aprendia a viver essa vida de ‘classe média alta’ que me era imposta, já que estudar no Colégio Bom Conselho (CBC) não era pra qualquer um. Havia desde filhos de pastelaria a grandes donos de indústrias como a Datelli e Zaffari.

Aprendi que a vida impõe limites e necessidades que, aparentemente, estragam nossas vidas no primeiro momento, mas surgem muito amplificadas quando vistas por outro ponto de vista mais adiante. Puseram-me em outra escola, um baque na minha vida pois meu mundo girava em torno do CBC. Como iria suportar ficar longe dos meus amigos? Pois é, fui para um colégio semi-internato, chamado São Manoel (hoje, ironia ou não, ele fica apenas 2 quadras da minha faculdade) e me deixa mais saudades do que o próprio CBC, ao qual cursei quase que por completo meu primeiro grau. Infantilidade a parte, aos 12 voltei pro CBC depois de tanto incomodar minha mãe. Mas mal sabia eu que estaria prestes a aprender a pior lição de todas em vida. A morte. Meu maior ídolo e, de grande parte dos brasileiros por sinal, Airton Senna, morre numa curva. Não bastasse, a danada surge também na minha vida familiar logo em seguida. Pois não se trataria de um ídolo, um primo, um tio ou um conhecido. Desta vez, era a mulher que me criou, a minha tia, minha mãe por atitude e consideração. A única que soube me ensinar o valor real de um carinho. A única que me amparou em todas as vezes que precisei chorar. O câncer, mal incurável em determinados estágios e que definha qualquer alma brilhante a qual perturba. Ruim que até hoje eu me lembro claramente de ter ouvido meu primo Luiz, brigando comigo, pra ir visitá-la no hospital, 2 dias antes da notícia podre. Não queria ir, pois jogar futebol na rua e Super Nintendo na locadora era muito mais divertido.
Com 5/6 anos, segundo minha mãe com alzheimer (hehehehehe..)

Até os 14, passei por uma fase de adaptação. Sem certezas de onde ia ficar e viver. Mudanças 1000. Novo colégio, agora mais perto, mas longe do que era minha realidade (em nova turma, dificuldades, aceitação é algo que ninguém quer precisar ter, mas todos querem ter), ainda mais quando se é o ‘playboy’ da turma. Começo a morar em definitivo com a minha mãe (a progenitora), aquela que não tem dó, que tem que educar e não mede esforços pra isso. Bairro novo, vida nova, novos locais, novos vizinhos, imposição de personalidade, mudo ou não mudo? Tudo isso após 3 meses de vida paradisíaca em Búzios (RJ), onde meu irmão era proprietário de um quiosque na beira da praia. A injeção de ego estava dada e esta sim, durou por um bom tempo. Terminado o primeiro grau, descubro que não ser mais um ‘classe média alta’ é bem mais complicado. Estudar numa escola estadual de 2º grau é mais ainda. Você é tachado, pisoteado, assaltado, encurralado, apanha e bate. Suspenso, entrando pra um novo mundo chamado “ou você tá com a gente ou vai se fuder”. Ou você faz parte, ou eles fazem a parte. Drogas. Um belo status que alimenta as mentes de fracos ignorantes que, por culpa de necessidades não supridas, buscam num delírio temporário algo que nem eles próprios sabem o que é. E tão poucos sabem com o tempo que, por fim, encontraram apenas o maior erro de todos. Surge meu primeiro estágio, ‘din-din’ no bolso e nada de juntar. Como é bom se ter o primeiro salário quando se é bem novo. Pois não há limites, não há o que nos impeça de gastar ‘a la vonté’. Exceto quando se descobre que tem que ajudar apagar a conta de luz, condomínio e até mesmo a comida que se vai comer. Afinal, meu mundinho bem sucedido, nerd e piegas estava indo por água abaixo .(segue em novo post, daqui 3 dias)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

♪ "Pra ser sincero não espero de você..

Mais do que educação...”
Diz a música inflamada e picante de uma das bandas mais famosas aqui do sul.
Da mesma forma que nela há uma reflexão direta ao relacionamento homem X mulher, muito me perguntei se, em diversos momentos dessa linda canção, não estaria, talvez, explicito uma relação cotidiana e muito mais próxima do que imaginamos.
A de mãe e filho.
Aliás, a mãe da gente sempre quer ter a razão...
Não muito diferente de nós, não é mesmo?! (hehehe)
Ironia ou não, “...Nós dois temos os mesmos defeitos, sabemos tudo a nosso respeito...”

E não é à toa que se briga, se xinga, a exaltação toma conta, o castigo surge, o respeito é imposto e a guerra se torna fria. Fria? Sei não! Pois é uma guerra de amor. Uma guerra onde quem ama mais não sabe como amar mais ainda do que deseja.
E o amor é quente, ferve diante de nós.
São nove meses esperando aquela “praguinha” de quase 50 centímetros, que irá consumir horas, dias, semanas de suas vidas, mas não deixará dúvidas de que tudo aquilo valeu a pena.


Mãe perdoa erros, vacilos, desvios de conduta, morte, ignorância, brincadeiras infelizes, decisões que nem nós, filhos, temos a certeza do porque foram tomadas. Mãe só não é santa porque ela também gosta de viver os prazeres mundanos. Comete pecados capitais perdoáveis, pois, afinal, são mães.
Elas são donas do perfume inexplicável que só os filhos conseguem perceber e admirar.
Ser mãe vai muito além de pagar as contas, levar no médico, perguntar se não queremos aquela frescurinha no supermercado ou porque não avisamos que estamos sem leite na geladeira.

E muito mais do que em momentos, há mães heróicas, que se tornam mãe.
Quando justamente perdemos a esperança, no caminhar da vida, algumas são escolhidas sem ao menos passar pelo processo natural de vida (aquela historinha da sementinha na flor, vocês sabem, né?!). O destino se encarrega e traz para nossas vidas estas mulheres ‘totalflex’ que esquecem seus problemas e adquirem seu selo do INmetro com ISO 9001, derrubando qualquer obstáculo ou dor. E provocando inveja em nós, homens, que não podemos ter o mesmo luxo, o mesmo amor, a mesma força e garra. Pena que estas, vão cedo.


“.. Pra ser sincero não espero que você, me perdoe por ter perdido a calma, por ter vendido a alma ao diabo...” E daí crescemos, seguimos adiante, aquela amizade fica um pouco de lado, pra trás, por muitos de nós. Ó filhos desnaturados! Mas amamos. Amamos demais! Amamos a nossa melhor amiga, nossa maior guerreira, nosso maior presente! A nossa 'véia', a nossa guriazinha.
Ela é única! A jóia que não tem preço! Que nos faz pirar quando está pertinho e nos deixa a maior saudade quando está longe.

Obrigado por tudo mãe!