terça-feira, 7 de julho de 2009

A competência do coração*

O coração não sente ciúme. O coração só ama. Quem sente ciúme é o cérebro. Por isso se diz que o ciúme é coisa da cabeça da gente. O ciúme é um sentimento tão pérfido, que não cabe no coração. O ódio também vem do cérebro. Por isso que se diz que estamos com a cabeça quente. O coração só ama. Ternura vem do coração. Tolerância vem do coração. Bondade só vem do coração.



Quando alguém trai a quem ama ou estima, é porque o coração foi superado na luta que ele mantém contra os outros órgãos. Não existe mau caráter original. O caráter só será mau quando o coração não tiver influência sobre ele. E será bom quando o coração o tiver envolvido. Tanto prova que é correta a expressão 'mau caráter'. Mas nunca se ouviu dizer 'mau coração'. Porque no coração só cabem coisas boas. A lixeira do homem está em outras partes, algumas bem notáveis, do seu corpo. No coração não cabe nem um argueiro. O coração é a parte nobre do corpo humano, todas as outras são plebéias, porque se conspurcam.

A benção sai do coração, o impropério salta do cérebro. Saudade nasce no coração, rancor vem do cérebro. Quem dispara a lágrima é o coração. Quem dispara o revólver é o cérebro. E sempre se travará a luta, descrita pelos filósofos, entre o cérebro e o coração. E o incrível é que nesta luta, vença quem vencer, a razão sempre está com o coração. Quando enfrenta o coração, o cérebro perde a razão. ' E o coração tem razões que a própria razão desconhece'.



Razão só tem aquele que tiver coração. Coração só tem aquele que mostrar boa razão.
O cérebro é, portanto, um mero rival do coração. e o homem se corrompe quando o cérebro toma o lugar do coração. Eu às vezes amo tanto, que penso que tenho dois corações, o segundo no lugar do cérebro. Sem cérebro, eu enlouqueço de tanto amar, porque só o cérebro pode travar a corrida alucinada do coração para o amor.
Daí que quem pensa não ama, e quem ama não pensa. Se o destino tiver que escolher entre me avariar o cérebro ou o coração, que me preserve o coração e dane-se meu cérebro. Mil vezes ser um encefalopata do que um cardiopata.
Prefiro vegetar como um idiota, mas tonto de amor.

*texto escrito por Paulo Sant'Ana / fotos: Emmanuel Denaui (Criative)

4 comentários:

  1. Terminei de ler teu último texto sobre ti agora. Amei a parte que diz "Aprendi que todos acham que te conhecem o suficiente e que você, em grande parte do dia, é aquilo que os outros acreditam que tu seja e pensa". Disso tudo eu só posso dizer uma coisa: esse julgamento dos outros sobre o que nós somos e nossa adaptação ao que pensam que somos faz com que a gente mesmo não se reconheça às vezes. Também adorei a parte dos "eu te amos" que escutamos por aí. Como eu queria ouvir todos os dias um eu te amo verdadeiro, daqueles que ficam presos dentro das pessoas que tem vergonha de falá-los.

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  2. Mto bom! Mas as fotos são melhores! :P

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  3. Mas olha só. Nem sabia que tu tinha blog.
    Bem bacana,Emma! :)

    Abração

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  4. Sempre surpreendendo..
    adorei as fotos tmabém! Tá ficando craque hein!
    bjo!

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