No último dia 17, a imprensa brasileira levou um soco no estômago quando o Supremo Tribunal Federal (STF) ao decidir pela não obrigatoriedade do diploma demereceu o ensino universitário. Mais uma vez o Brasil retrocede e acaba servindo aos interesses de uma elite que usa a alienação como forma de conseguir o que quer que seja.

Ao contrário do que se pensa, não só a liberdade de imprensa está em perigo, já que sem diploma o nepotismo vai rolar mais solto ainda, mas, também, a qualidade de informação que a população vai receber. O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, afirmou que, assim como ninguém precisa fazer faculdade de Gastronomia para fritar um ovo, é desnecessário cursar Jornalismo para levar informação à população. Claro que ninguém precisa fazer faculdade de Gastronomia pra fritar ovo, ou fazer Jornalismo para escrever um artigo. Mas um chefe que tem curso de Gastronomia terá o conhecimento necessário para inovar nos sabores, misturar ingredientes e a segurança suficiente para arriscar elementos que um reles mortal acharia impossível. O mesmo vale para o jornalista que passou pela universidade. Ele terá jogo de cintura para lidar com as artimanhas da política, ética para lidar com fontes e conhecimento necessário para entender que jornalismo é muito mais que um nome no jornal, ou um rostinho bonito na TV. Ao curvar-se frente à decisão do Supremo que desobriga o diploma para o exercício da profissão, mais uma vez, que fala em nome da população brasileira demonstra que não entende o papel da mídia e nem o valor da educação, o que é muito perigoso. O que podemos esperar de políticos que não sabem onde fica Roma ou, até, o que significa a sigla ENEM, e tampouco lêem os jornais?
O que podemos esperar de uma nação que esquece a sua história e acredita que a volta da ditadura, opressora e sem nexo, é a melhor saída? O que podemos esperar de um Supremo que compara a atividade do jornalista a um profissional da gastronomia? É claro que ambos necessitam de formação. Menos mal que os cursos de culinária seguem oferecendo diploma e os grandes restaurantes contratando quem tem o nobre canudo. Mas, de qualquer forma, vamos todos fritar ovos!*
Assinado: aluna do 3º semestre de Jornalismo (Rafaela Haygertt)